Empreendedoras: o empreendedorismo feminino

Visão geral

Para introduzirmos o tema do empreendedorismo feminino na contemporaneidade é preciso, inicialmente, identificarmos o panorama no qual estamos inseridos.[1]

No Brasil, existem 9,3 milhões de mulheres à frente de uma empresa, o que equivale a 34% do total de donos de negócios do país. Desse total, 45% são chefes de família, ou seja, possuem a principal renda de suas casas.

Assim, podemos compreender que o empreendedorismo é uma atividade que está, cada vez mais, sendo conquistada pelas mulheres. Todavia, elas ainda encontram muitas dificuldades nesse campo. Nesse sentido, esse texto possui o objetivo de esclarecer algumas questões relacionadas a mulheres empreendedoras.

Crescimento das mulheres no meio empresarial

Há, aproximadamente, 50 anos, mulheres casadas precisavam de autorização de seus maridos para poderem trabalhar. Atualmente, as mulheres estão presentes, em diferentes proporções, em todos os ramos de emprego da sociedade. De fato, a realidade feminina mudou muito nas últimas décadas. Elas conquistaram direitos e espaços que antes eram inimagináveis. Contudo, essa realidade ainda está longe de ser igual à realidade dos homens.

No mercado de trabalho brasileiro, as mulheres, apesar de exercerem as mesmas funções que os homens, ainda recebem salários, em média, 50% menores. Uma pesquisa feita pelo Fórum Econômico Mundial ressalta que só haverá igualdade salarial no Brasil em aproximadamente 100 anos se o ritmo de progresso atual for mantido.

Mesmo enfrentando dificuldades, as mulheres estão recebendo destaque no mercado de trabalho e começando a carreira cada vez mais cedo.

No campo do empreendedorismo, as mulheres representam 48% dos microempreendedores individuais (MEI) do Brasil, obtendo destaque nos setores de moda, beleza e alimentação. A maioria dessas empresas (55,4%) possui como meio físico de estabelecimento a própria casa.

Nesse sentido, cabe entender a principal motivação para que as mulheres tenham o desejo de abrir a própria empresa. A principal causa (57%) é a de obter liberdade financeira e autonomia. Outra parte expressiva (37%) pretende deixar de ser empregada e ter seu próprio negócio, seja por frustação com o modelo tradicional de mercado ou por necessidade.

Na realidade brasileira, segundo um relatório produzido pela MindMiners, 59% dos empreendedores são mulheres.

Dificuldades que as mulheres empreendedoras enfrentam na atualidade

Comparando as estatísticas de escolaridade das mulheres empreendedoras com os homens, nota-se que elas possuem escolaridade superior em 16%. Contudo, seus negócios faturam 22% menos, uma situação que vem se repetindo desde 2015, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Outras discrepâncias podem ser destacadas como, por exemplo, a taxa de juros paga pelas mulheres ser 3,5% maior do que a dos homens. Tal fato, não se justifica quando analisamos o índice de inadimplência em relação ao sexo, uma vez que os indicadores entre as mulheres são mais baixos, sendo de 3,7%, enquanto o do sexo masculino é de 4,2%.

Outra dificuldade encontrada pelas mulheres é que, segundo o Sebrae, as empreendedoras possuem menos acesso a linhas de crédito para que possam expandir seu negócio.

Além disso, muitos cargos de chefia não são concedidos a mulheres, sendo elas muitas vezes preteridas no momento da promoção, em razão de preconceitos que se encontram nas raízes sociais e culturais.

Não se pode desprezar ainda a dupla jornada da maioria das mulheres, já que, geralmente, elas continuam tendo maior atuação nas tarefas de casa. De acordo com dados da Rede Mulher Empreendedora (RME), 53% das empreendedoras são mães e conciliam suas atividades profissionais com suas responsabilidades familiares. 

Ainda é possível destacar à adversidade enfrentada relativa às crenças de que as mulheres são mais emotivas e, por isso, não possuiriam a mesma habilidade de liderança dos homens ou, até mesmo, que poderiam deixar de cumprir seus compromissos com a empresa, caso tenham filhos.

Casos de sucesso de mulheres empreendedoras

Apesar de todas as dificuldades enfrentadas, é importante destacar casos em que as mulheres se destacaram no ramo do empreendedorismo.

Alcione Albanesi

Alcione Albanesi é a fundadora da FLC, líder do segmento de lâmpadas no país. Em viagem aos Estados Unidos, em 1992, ela se deparou com uma lâmpada fluorescente vendida a preço baixo, vinda da China. Nessa época, como o produto era caro no Brasil, ela foi à China ter conhecimento do processo de produção. Posteriormente, ao chegar no Brasil, após muita pesquisa, ela fundou a FLC.

Alice Ferraz

CEO e fundadora do Fhits, uma plataforma de influenciadores digitais de moda e estilo de vida. Em 2019, ela foi citada na Forbes como uma das mulheres mais influentes do Brasil. Ademais, sua empresa foi reconhecida como uma das mais inovadoras pela Fast Company.

Luiza Helena Trajano

Luiza, nascida na cidade de Franca e formada em direito, é uma das empreendedoras brasileiras mais renomadas. Atualmente, foi eleita a mulher mais rica do país. De acordo com a Forbes, Luiza ocupada a 8° colocação no ranking de bilionários.

Tudo começou aos 12 anos, quando trabalhava durante as férias como balconista na loja de sua tia. Porém, apenas em 1990, Luiza alcançou o cargo de diretora-superintendente na loja Magazine Luiza. O que era uma simples loja do interior do estado de São Paulo, hoje é uma das maiores redes varejistas do Brasil.

Camila Farani

Camila começou trabalhando em um negócio de família, que com o acréscimo de um produto gerou um aumento de 30% das vendas do negócio, Dessa forma, Camila entrou com participação nos lucros da empresa de sua mãe, fazendo sua primeira sociedade. Anos depois, ela fundou a G2 Capital, focada em investimentos para empresas de tecnologia, ajudando empreendedores a potencializar seu negócio.

Startups fundadas por mulheres

Outra área em que as mulheres estão obtendo destaque são nas startups, empresas em estágio inicial com uma ideia inovadora atuando em cenário de incerteza tanto financeira quanto social. De acordo com a Associação Brasileira de Startups (ABStartups), as mulheres representam apenas 15,7% entre os fundadores, um número ainda pequeno, mas, significativo se considerarmos a história das mulheres para chegar até essa realidade.

O setor que mais tem presença feminina é o de startups do setor jurídico (legaltechs), com 25% de mulheres sócias. As fintechs, por outro lado, apresentam 11% de presença feminina, um dos menores índices.

Há alguns fatores que podem causar esse número ainda baixo em relação a outras áreas. O principal deles, talvez, seja a dificuldade para conseguir investimentos. Uma pesquisa realizada pela Universidade de Harvard e pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (em inglês: Massachusetts Institute of Technology – MIT), nos Estados Unidos, mostra que os homens que lideram startups têm 60% mais chances de conseguir um investimento.

Outro estudo, do Boston Consulting Group (BCG), analisou os investimentos recebidos por 350 empresas por meio do programa de aceleração do MassChallenge e constatou que as empresas fundadas por mulheres receberam, em média, US$ 935 mil em investimentos. Por outro lado, as companhias fundadas por homens receberam US$ 2,1 milhões, em média.  

Apesar dos obstáculos mencionados, elas se destacam como fundadoras das empresas que geram maior receita a longo prazo. Ainda de acordo com o estudo do BCG, as empresas criadas por mulheres geraram 10% a mais de renda acumulada em um período de cinco anos.

Conclusão

Com o panorama geral e os casos exemplificativos do texto, é possível perceber que, apesar das mulheres ainda não possuírem as mesmas condições para empreender que os homens, elas têm obtido destaque, muitas vezes em âmbito internacional, contribuindo positivamente de forma substancial para o desenvolvimento e crescimento do país.

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