Ao pensar em empreender, é comum se perguntar: “Devo começar um negócio sozinho ou me aliar a pessoas que possam contribuir para o sucesso do empreendimento?”. Contudo, não se trata de uma pergunta com resposta exata. Por essa razão, este artigo irá destrinchar alguns prós e contras, além de explicitar o que de fato é indispensável ponderar ao tomar tal decisão. Afinal, ela pode mudar o rumo de todo empreendimento e contribuir ou prejudicar a evolução do negócio.
Como empreender?
Há vários aspectos a se considerar quando se fala em empreender. Por exemplo, é preciso ter capital, tempo disponível, criatividade, identificar seu nicho, pensar em ampliar ou restringir o público-alvo, entre muitos outros. Além disso, surgem, também, inúmeras dúvidas quanto à questão de se ter ou não um sócio.
Alguns catalisadores para a referida dúvida aparecem frequentemente e vamos colocá-los aqui, a fim de esclarecer os principais aspectos.
Os pontos que fazem as pessoas pensarem que empreender com um sócio seria um bom caminho para montar o negócio são, geralmente:
- A insegurança de não conseguir realizar todo o trabalho de empreender sozinho;
- Dividir os custos, os riscos de perda e aumentar o potencial financeiro do negócio.
Além disso, temos o lado oposto, em que predomina o pensamento de empreender sozinho, que dentre as principais motivações estão:
- O desconforto de haver interferências indesejadas no trabalho;
- O lucro ser diminuído por causa da divisão entre os sócios;
- Desestruturar relações afetivas devido ao empreendimento.
Agora, vamos esclarecer cada ponto citado acima.
1. O medo de não conseguir realizar todo o trabalho sozinho
Nesse ponto, podemos analisar a questão da disponibilidade do tempo e da divisão do trabalho. De fato, é inegável que dividir o trabalho com alguém otimiza o tempo utilizado para desempenhar determinada função. Ademais, é possível aumentar a quantidade de tarefas realizadas ou os nichos a serem explorados.
Conjugar os conhecimentos teóricos e práticos dos sócios pode ser essencial para que o negócio prospere e se reduzam os riscos, já que haverá um amplo compartilhamento de conhecimento e de experiências.
Outro ponto que cabe destacar é que a existência de um sócio pode reduzir a margem de erro na operação e na definição das estratégias negociais, já que, na maior parte das vezes, haverá uma dupla avalição das ações a serem realizadas pela sociedade.
Contudo, caso o empreendedor, considerando suas qualidades profissionais e a própria natureza do negócio, possua segurança na execução das atividades, mas necessite de apoio operacional ou gerencial, a contratação de profissionais especializados nessas áreas pode ser uma boa solução para seguir o empreendimento individualmente.
2. Dividir os custos, os riscos de perda e aumentar o potencial financeiro do negócio
Ao empreender com um sócio você compartilha o investimento inicial do negócio e também os riscos que ele traz.
Se você possuir capital para iniciar o seu negócio – e até um pouco mais, a fim de resguardar os riscos – e estiver confiante, começar um empreendimento sozinho pode ser uma boa escolha. Isso porque não será necessária a divisão dos lucros de sua empresa.
Contudo, um sócio pode auxiliar no aporte inicial do negócio e, também, no desenvolvimento e na ampliação do empreendimento. Assim, para muitos, sob o aspecto financeiro, pode ser vantajoso constituir um negócio em sociedade.
Não se pode desprezar a viabilidade de se buscar empréstimos seja em instituições financeiras ou com amigos ou com familiares. Nesse caso, se montar um negócio sozinho for a sua ideia principal, é possível superar o obstáculo da falta de dinheiro.
3. O desconforto de haver interferências indesejadas no trabalho
Além de uma realização pessoal, um dos principais motivos para montar um negócio é o desejo de você ser o seu próprio chefe. Supõe-se que a intenção é obter liberdade na execução das atividades, com base nas próprias convicções, sem receber ordens ou direcionamentos de outras pessoas, que, muitas vezes, são considerados equivocados ou sem um embasamento estratégico.
Nesse ponto, ao empreender em sociedade, tem que se ter em mente que sempre haverá a interferência dos sócios nas decisões estratégicas e operacionais do negócio, em especial, quando as entregas não estiverem sendo realizadas a contendo dos clientes, no que se refere a prazo, quantidade e qualidade dos serviços ou produtos, uma vez que, certamente, importarão em redução dos lucros ou prejuízos à sociedade.
A melhor forma de mitigar esse problema é o estabelecimento das atribuições, das responsabilidades e das metas de cada sócio, por meio do contrato/estatuto social ou por acordo escrito entre os sócios ou acionistas, com a prefixação dos limites e das formas em que poderão ocorrer as intervenções de um ou mais sócios nas atividades do outro.
Entretanto, se, mesmo assim, a interferência do sócio nos negócios apresentar-se como algo intransponível, o empreendedor deverá refletir sobre a possibilidade de direcionar seu investimento para uma sociedade individual.
4. O lucro ser diminuído por causa da divisão entre os sócios
É inegável que se alguém vai investir em um empreendimento seu desejo é participar dos lucros gerados pela atividade.
No momento da formação do negócio, é fundamental que se tenha um planejamento financeiro, a fim de verificar se o investimento inicial está adequado ao ramo de atividade escolhido, com o objetivo de atender às expectativas da retomada do valor injetado e de afastar os riscos de insucesso do próprio empreendimento.
Nessa análise, a existência de um sócio poderá ser fundamental para a segurança financeira, considerando que o aumento no aporte inicial poderá estender a abrangência do ramo de atuação, seja no que se refere ao objeto principal ou à extensão geográfica a ser explorada, bem como entregar “fôlego” adicional para que o negócio possa se sustentar por um maior período sem obter lucros.
Outro ponto a se considerar é a expertise trazida por um dos sócios, que pode se mostrar fundamental para o sucesso do negócio.
Desse modo, apesar da divisão dos lucros, a constituição de uma sociedade pode se mostrar a melhor opção, sob o ponto de vista financeiro, devido ao maior investimento realizado e/ou aos conhecimentos agregados dos sócios, que importarão em um melhor resultado econômico ao empreendimento.
5. Desestruturar relações afetivas
A desestruturação dos laços de afetividade ocorre frequentemente com pessoas que optam por empreender em parceria com amigos ou parentes.
Há diversos fatores, como brigas, quanto ao rumo do empreendimento, ou mesmo períodos de turbulência no mercado que podem prejudicar as relações, não só no trabalho, mas também no âmbito pessoal. Portanto, é preciso conhecer a si mesmo e ao outro, a fim de avaliar se uma parceria de negócios pode dar certo ou se será prejudicial.
Essa preocupação pode ser minimizada com algumas medidas, sendo uma das mais utilizadas e eficazes, a assinatura de um acordo, explicitando os deveres, as responsabilidades e os direitos de cada um dos sócios, bem como a forma e a periodicidade das apresentações dos resultados.
Pontos a se considerar antes de tomar a decisão
Logo, ao tomar a decisão, devem ser considerados os seguintes pontos:
- Capital a ser investido;
- Riscos que o empreendimento traz e possíveis gastos;
- Lucro a ser auferido/fração do lucro a ser partilhada;
- Habilidades que você possui/ habilidades que não possui e podem ser úteis ao negócio;
- Experiência no ramo escolhido. Cabe avaliar se sua experiência é predominantemente prática ou teórica.
Como escolher um sócio na hora de empreender!
Se você escolher a opção de encontrar um sócio para seu negócio é importante saber onde encontrá-lo e quais devem ser suas principais qualidades.
Como encontrar um sócio?
Um sócio pode ser um amigo, alguém da família ou somente um conhecido. Essa, geralmente, é a forma como as sociedades se iniciam e, muitas vezes, são construídas relações de grande sucesso. Entretanto, para isso, é preciso, antes, que as expectativas sejam alinhadas, a fim de não comprometer as relações pessoais anteriores e para que o próprio negócio não seja impactado.
Hoje em dia, é possível, também, conhecer pessoas com o mesmo interesse de empreender, a partir de sites e de aplicativos com foco empresarial, o que pode se mostrar como uma boa opção.
Características importantes para se avaliar em um sócio
É preciso observar se os seus objetivos e do seu sócio estão alinhados, ou seja, se vocês querem chegar a um mesmo lugar. Aliado a isso, principalmente, é preciso saber se o caminho escolhido para chegar lá também é compatível.
Assim, é necessário conversar previamente sobre as questões financeiras, as participações de cada um na sociedade, os investimentos, os lucros e os riscos envolvidos no negócio.
Além disso, é importante fazer um bom planejamento e uma divisão de tarefas, a fim de afastar as possibilidades de interferências e de conflitos nas definições das estratégias do negócio, pois os envolvidos saberão os limites de atuação de cada um no empreendimento.
É preciso, também, ter conhecimento prévio acerca da pessoa do sócio, em especial, no que se refere a seu histórico comercial e a sua credibilidade no mercado, com o objetivo de avaliar eventuais impactos negativos que poderão advir do seu perfil, durante o exercício das atividades sociais.
Como definir a participação de cada sócio?
Essa é uma das fases da constituição social que traz mais questionamentos aos sócios fundadores: como definir a participação de cada sócio?
Geralmente, é utilizado o critério puramente matemático para definir a participação que cada sócio deve ter no negócio. Nesse sentido, verifica-se o valor aportado por cada sócio, define-se o valor total do capital social e é determinado o percentual correspondente a cada participante.
Todavia, tal critério pode-se mostrar desproporcional e trazer discussões futuras, considerando que um dos sócios poderá exercer atividades fundamentais à sociedade, tendo em vista, por exemplo, a sua expertise, que agregará, a médio ou longo prazo, muito mais valor ao negócio do que o próprio capital investido.
Outro ponto a ser considerado é o risco assumido por cada sócio, uma vez que uns, além do aporte financeiro, poderão estar lançando-se integralmente no negócio, renunciando a outras atividades que realizavam anteriormente, enquanto outros podem estar apenas ingressando com o risco do capital.
Nesse contexto, é importante que seja avaliado, desde o início, não só a participação financeira, mas também a participação efetiva que cada sócio terá no negócio e os riscos assumidos por cada um deles, para que se estabeleça uma divisão social justa que trará, em lugar de divergências, motivação e propósitos que só agregarão ao sucesso do empreendimento.
Conclusão
Afinal, devo empreender sozinho ou em sociedade?
Apesar de a resposta ser extremamente pessoal, é notória a necessidade de deliberar os aspectos aqui pincelados para chegar a sua própria conclusão. Dessa forma, é importante avaliar em cada caso suas peculiaridades, a fim de melhor compreender o que se encaixará singularmente em seu negócio.
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